terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PRECE PELO AMOR





PRECE PELO AMOR  

Jesus, Mestre e Senhor! 

Um dia, 
no alvorecer do tempo humano, 
me destes a vida 
e um início 
para que eu lhes assumisse 
a continuidade, 
valendo-me de tuas mãos 
para seguir em frente 
em busca de mim mesmo, 
num ponto distante 
do futuro chamado por Ti 
de Evolução... 


Caminhei, Senhor, 
diligentemente, 
por incontáveis 
montes e vales existenciais 
aprimorando meu coração 
que era só você, 
em todos os momentos, 
sem noção exata 
de minha partida 
e sem saber como 
e quando seria 
o término da viagem... 


Ergui-me do chão 
para fitar os céus 
e meus olhos banhados 
de inocência, 
viram-te 
em toda a glória e esplendor 
nos fenômenos naturais 
que me circundavam, 
e o frágil entendimento 
curvou-se diante 
de tua força e sabedoria! 

Entre temeroso e comovido, 
dei-te um nome 
quando te vi no Sol, 
outro nome 
quando estavas na Lua 
e outros tantos 
em cada estrela fulgente 
que divisei 
na grande abóboda do mundo, 
chorando muitas vezes, 
extasiado, 
diante de tua 
imensa grandeza! ... 


No entanto, 
um dia, 
vertidas longas faixas de tempo, 
pensei que me bastava e, 
forte e impetuoso, 
larguei de tua mão 
intentanto caminhar sozinho 
pelas trilhas humanas 
que me destes 
por escola de aprimoramento... 

Seguro sobre os meus próprios pés 
avancei eras à dentro, 
levantando com meu suor 
e minha capacidade 
todas as civilizações da Terra, 

esquecendo-me 
pouco a pouco de Ti 
e de Tua presença 
indivisível nos frutos 
de minhas realizaçõesl...! 


Não mais estavas no Sol, 
que passei a examinar matematicamente, 
dando a ele densidade, 
peso e temperatura 
e classificando-o, 
muito embora respeitoso 
ainda perante sua tremenda força, 
como um astro 
a mais destinado a perecer 
impreterivelmente no tempo 
e no espaço, 
como tantos outros... 


Não mais te vi na suave luz 
emanante da Lua, 
transformada em luminosa 
porém vulgar decoração 
de minhas noites 
de festa e orgia... 

Embriagado de sentidos e licores, 
já não queria senti-la 
falando-me de Ti, 
em seus raios de lânguido esplendor... 


Também não mais estavas 
no céu, 
nas estrelas, 
na chuva, 
no vento, 
no trovão, 
no raio inclemente, 
no alto dos montes 
e no silêncio das tundras... 

Não mais estavas na dor de nascer 
e na dor de morrer, 
onde substitui tua interferência 
pela minha ciência, 
aclarando cada fenômeno 
conforme os meus conhecimentos 
e elucidando-os vagorosamente, 
degrau pós degrau, 
creditando ao meu esforço 
pessoal cada derrota, 
cada vitória, 
cada passo além!... 


Não mais estavas 
em lugar algum 
de minha existência. 

Eu era, 
enfim, 
deus de mim mesmo... 

Conquistei o mundo assim, 
Senhor, 
submetendo-o ao meu entendimento 
e à minha inteligência, 
caminhando rumo 
à dominação completa 
de todos os elementos 
materiais do orbe 
com a segurança e o vigor 
do pequeno onipotente 
- teu reflexo! 
a viver em mim, 
silenciosamente... 


No entanto, 
inexplicavelmente, 
quando passei a dissecar pó 
e carne com maestria inigualável, 
quando dei por mim 
olhando o mundo 
com a serena sapiência dos gênios, 
descobri que nada sabia 
além de matéria e então, 
premido 
por angustiantes questões 
outrora desprezadas, 

passei a ver-Te 
novamente 
em todas as coisas, 
como se nunca tivesses 
estado ausente de minha vida 
por um momento que fosse!... 


Hoje, 
por faltarem-me elementos novos 
com que classificar a vida 
que prossegue impávida 
rumo à estação do futuro, 
que é sempre novo e belo, 
não obstante 
a imensa miséria humana 
e da qual ainda sou ativo participante, 
só me resta aceitar 
que Tu estás 
e estarás 
sempre em tudo: 

no Sol, 
na Lua, 
nas estrelas, 
no vento, 
na chuva, 
nos montes, 
nas tundras, 
na dor de nascer 
e na dor de morrer... 


Em tudo, Senhor, 
até em mim... 

Ciente de minha fragilidade, 
como outrora, 
preparo-me agora 
para analisar cientificamente 
Tua interferência sutil 
em tudo o que me rodeia, 
porém refazendo o gesto 
que separou-me de Ti, 
há tanto tempo atrás: 

seguro tua mão novamente e rogo, 
não deixes mais 
que eu me solte de Ti 
porque agora, 
para compreender 
com o espírito o mundo 
que me destes por berço, 
necessito investigar 

o que seja o amor, 
elemento equalizador 
de todas as potências 
e que sei hoje 
emana somente de Ti, 
qual energia inestancável, 
e sem a qual é 
simplesmente 
impossível viver!... 


Assim seja!


Andre Luiz
Francisco Xavier

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