sexta-feira, 24 de junho de 2011
Dar-se-á Àquele que Tem - Um Espírito amigo. (Bordéus, 1862.)
Dar-se-á Àquele que Tem - Um Espírito amigo. (Bordéus, 1862.)
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Aproximando-se dele, seus discípulos lhe disseram:
Por que lhes falas por parábolas?
Respondendo, disse-lhes ele:
É porque, a vós outros, vos foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, ao passo que a eles isso não foi dado.
- Porque, àquele que já tem, mais se lhe dará e ele ficará na abundância; àquele, entretanto, que não tem, mesmo o que tem se lhe tirará.
- Por isso é que lhes falo por parábolas:
porque, vendo, nada vêem e, ouvindo, nada entendem, nem compreendem.
- Neles se cumpre a profecia de Isaías, quando diz:
Ouvireis com os vossos ouvidos e nada entendereis, olhareis com os vossos olhos e nada vereis.
(S. MATEUS, cap. XIII, vv. 10 a 14.)
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Tende muito cuidado com o que ouvis,
porquanto usarão para convosco da mesma medida
de que vos houverdes servido para medir os outros,
e ainda se vos acrescentará;
- pois, ao que já tem, dar-se-á, e, ao que não tem, até o que tem se lhe tirará.
(S. MARCOS, cap. IV. vv. 24 e 25.)
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"Dá-se ao que já tem e tira-se ao que não tem."
Meditai esses grandes ensinamentos que se vos hão por vezes afigurado paradoxais.
Aquele que recebeu é o que possui o sentido da palavra divina;
recebeu unicamente porque tentou tornar-se digno dela e porque o Senhor,
em seu amor misericordioso, anima os esforços que tendem para o bem.
Aturados, perseverantes, esses esforços atraem as graças do Senhor;
são um ímã que chama a si o que é progressivamente melhor,
as graças copiosas que vos fazem fortes para galgar a montanha santa,
em cujo cume está o repouso após o labor.
"Tira-se ao que não tem, ou tem pouco."
Tomai isso como uma antítese figurada.
Deus não retira das suas criaturas o bem que se haja dignado de fazer-lhes.
Homens cegos e surdos!
abri as vossas inteligências e os vossos corações;
vede pelo vosso espírito;
ouvi pela vossa alma
e não interpreteis de modo tão grosseiramente
injusto as palavras daquele
que fez resplandecesse
aos vossos olhos a justiça do Senhor.
Não é Deus quem retira daquele que pouco recebera:
é o próprio Espírito que, por pródigo e descuidado,
não sabe conservar o que tem e aumentar,
fecundando-o, o óbolo que lhe caiu no coração.
Aquele que não cultiva
o campo que o trabalho de seu pai lhe granjeou,
e que lhe coube em herança, o vê cobrir-se de ervas parasitas.
É seu pai quem lhe tira as colheitas que ele não quis preparar?
Se, à falta de cuidado, deixou fenecessem as sementes
destinadas a produzir nesse campo,
é a seu pai que lhe cabe acusar por nada produzirem elas?
Não e não.
Em vez de acusar aquele que tudo lhe preparara,
de criticar as doações que recebera,
queixese do verdadeiro autor de suas misérias e,
arrependido e operoso,
meta, corajoso, mãos à obra;
arroteie o solo ingrato
com o esforço de sua vontade;
lavre-o fundo com auxílio
do arrependimento e da esperança;
lance nele, confiante, a semente
que haja separado, por boa,
dentre as más;
regue-o com o seu amor
e a sua caridade,
e Deus,
o Deus de amor
e de caridade,
dará àquele que já recebera.
Verá ele, então,
coroados de êxito
os seus esforços
e um grão produzir cem e outro mil.
Animo, trabalhadores!
Tomai dos vossos arados
e das vossas charruas;
lavrai os vossos corações;
arrancai deles a cizânia;
semeai a boa semente
que o Senhor vos confia
e o orvalho do amor
lhe fará produzir
frutos de caridade.
- Um Espírito amigo. (Bordéus, 1862.)
Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 edição
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