segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Reverso da Liberdade - Hammed



O Reverso da Liberdade - Hammed
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"Os bons Espíritos
jamais ordenam:
não se impõem,
aconselham,
e, se não são escutados,
se retiram.
Os maus
são imperiosos;
dão ordens,
querem ser obedecidos
e permanecem mesmo assim.

Todo Espírito que se impõe
trai sua origem.
São exclusivos e absolutos
em suas opiniões,
e pretendem ter,
só eles,
o privilégio da verdade (...)"

(Livro dos Médiuns - 2ª Parte - cap. XXIV, item 267-1 02.)


"Controladores" são indivíduos que possuem
um estilo de comportamento
que constrange, domina e impõe.

Por meio de uma simulação consciente,
ou não, tentam forçar
os eventos da vida a acontecer
quando e como querem.

O maior desatino dos "controladores"
é que para dominar precisam,
antes de tudo,
viver distanciados de seus próprios sentimentos,
que, acreditam,
poderiam deixá-los vulneráveis
diante dos outros.

Não se arriscam a mostrar
como se sentem realmente.

Em outras palavras,
por medo
de serem usados,
maltratados ou desmascarados,
escondem seus sentimentos
mais profundos
para assegurarem- se de que não existe
possibilidade de qualquer pessoa
ter poder sobre eles.

Têm uma enorme necessidade de ordenar
e passam anos a fio
dizendo a si mesmos
que a maneira certa de agir
é ter as rédeas de tudo em suas mãos.

Os "controladores"
fazem o trabalho em segredo,
usando técnicas de comando
indiretas, passivas.

Agem de maneira tão sutil,
dócil e educada,
que não são identificados como tais.

Podem ter consciência ou não
do hábito de controlar,
mas uma coisa é certa:
esse comportamento
faz-lhes muito mal,
pelo desgaste energético em que vivem
— impacientes,
incapazes de relaxar
e ficar sem fazer nada.

Procuram exaltar sua importância pessoal,
tomando nomes e sobrenomes imponentes
para se impor perante os mais
desavisados e crédulos.

Alguns se utilizam de argumentos capciosos
e aparentemente lógicos,
que tornam suas idéias difíceis de ser questionadas.

Muitos controlam,
expondo fraqueza e dependência;
lamentam e choram,
afirmando ser indefesos e vítimas.

Às vezes, a "máscara da fragilidade"
é um recurso utilizado
pelos mais poderosos "controladores" .

Usam qualquer tática,
desde que funcione;
mas, independente dos planos ou meios,
os objetivos são os mesmos:
obrigar outrem
a fazer o que eles querem que seja feito.

São mais doentes,
ou mais ignorantes de si mesmos,
do que propriamente maus.

Quase sempre
"exigem uma crença cega e não apelam à razão,
porque sabem que a razão os desmascararia" .

Os "controladores" ,
além de guardarem uma convicção inabalável
de que o comando de tudo e de todos
é essencial,
ainda são motivados por recompensas
ou estímulos inconscientes
que os ajudam a perpetuar
o jogo da manipulação.

Aqui estão algumas das atitudes mentais
que integram
o sistema de sobrevivência psicológica
dos indivíduos imponentes:


— satisfazem suas necessidades
de poder ou domínio
por sentirem enorme vazio interior;


— confirmam uma auto-imagem deficiente
que idealizaram como maravilhosa;

— fazem com que se sintam respeitados,
para se protegerem de uma possível humilhação;

— fortalecem seu desejo
de impressionar terceiros,
pois se consideram socialmente inadequados;

— têm medo de ser rejeitados,
ridicularizados e magoados.

Encontramos os "controladores"
não somente no mundo espiritual,

mas também usando a vestimenta carnal
de pais,
filhos,
cônjuges,
namorados,
parentes
e amigos.

São tipos autoritários, considerados
"egomaníacos com baixa auto-estima" ,
que empregam o controle
para suprir uma vida interior
deficitária.

Inseguros, receiam ser manipulados,
obrigados a fazer o que não desejam
ou ficar sobrecarregados com enormes
responsabilidades.

Convictos de que a melhor defesa
é um bom ataque,
tentam impor-se aos outros
antes que estes os controlem.

Reagem ao medo e à insegurança,
recorrendo ao domínio sobre o próximo
e sobre as circunstâncias.

Isso lhes parece amenizar
ou resolver seus conflitos íntimos.

"Os bons Espíritos jamais ordenam:
não se impõem,
aconselham,
e,
se não são escutados,
se retiram."

Nossa mais devastadora ilusão
é pensar que podemos controlar a vida dos outros.

Imposição é o oposto da liberdade
e extermina tanto a autonomia
do que domina como a do dominado.

Apenas escolhendo o autocontrole
é que atingiremos a verdadeira libertação.

Não conseguiremos evoluir emocional,
intelectual e espiritualmente
se
estivermos desgastando nossas energias
para comandar a vida dos outros.

"...e onde se acha o Espírito
do Senhor aí está a liberdade."

Os bons Espíritos são livres
porque dão liberdade a todos
que os cercam.

Reconheceram a importância
de se desvencilharem das afeições possessivas,
pois respeitam integralmente a condição natural de todos


— seres livres, filhos de Deus.

A Espiritualidade Superior
nos ensina que somos convocados
a compartilhar
com os outros a afetividade
e a mútua proteção,
mas isso se torna um desequilíbrio
quando exigimos apropriação
do ser amado.

Que deveríamos nos sentir recompensados,
e não intimidados,
quando constatamos que os que amamos
têm interesses independentes,

confiança em si mesmos
e auto-suficiência.

Quando delegamos o controle
de nós mesmos a uma outra criatura,
seja ela quem for,
talvez estejamos renunciando
ao nosso mais importante direito
inato: a liberdade.

Ela pressupõe senso de dignidade,
escolha e auto-respeito.

Sem senso de valorização próprio,
nos julgaremos uma nulidade
e sentiremos um grande vazio
na alma,
isto é,
uma sensação de "não ser".

A propósito, recordemos
Victor Marie Hugo,
o mais ilustre poeta e escritor francês
do século XIX, quando escreveu:

"O pior uso
que se pode fazer da liberdade
é abdicar dela".

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Hammed & Fancisco do Espírito Santo Neto -


(De “A imensidão dos sentidos”)

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