quarta-feira, 27 de julho de 2011

CARACTERES DE VERDADEIRO PROFETA - Allan Kardec


CARACTERES DE VERDADEIRO PROFETA - Allan Kardec
*********************************************************

Desconfiai dos falsos profetas.

É útil em todos os tempos essa recomendação,
mas, sobretudo, nos momentos de transição
em que, como no atual,
se elabora uma transformação
da Humanidade, porque, então,
uma multidão de ambiciosos e intrigantes
se arvoram em reformadores e messias.

E contra esses impostores
que se deve estar em guarda,
correndo a todo homem honesto
o dever de os desmascarar.

Perguntareis, sem dúvida,
como reconhecêlos.

Aqui tendes o que os assinala:

Somente a um hábil general,
capaz de o dirigir,
se confia o comando de um exército.

Julgais que Deus seja menos prudente
do que os homens?

Ficai certos de que só confia missões importantes
aos que ele sabe capazes de as cumprir,
porquanto as grandes missões
são fardos pesados que esmagariam
o homem carente de forças para carregá-los.

Em todas as coisas,
o mestre há de sempre saber mais
do que o discípulo;

para fazer que a Humanidade avance
moralmente e intelectualmente,
são precisos homens superiores
em inteligência e em moralidade.

Por isso, para essas missões
são sempre escolhidos Espíritos já adiantados,
que fizeram suas provas noutras existências,
visto que, se não fossem superiores
ao meio em que têm da atuar,
nula lhes resultaria a ação.


Isto posto, haveis de concluir
que o verdadeiro missionário de Deus
tem de justificar, pela sua superioridade,
pelas suas virtudes,
pela grandeza,
pelo resultado e pela influência moralizadora
de suas obras,
a missão de que se diz portador.

Tirai também esta outra conseqüência:
se, pelo seu caráter,
pelas suas virtudes,
pela sua inteligência,
ele se mostra abaixo do papel
com que se apresente,
ou da personagem sob cujo nome se coloca,
mais não é do que um histrião
de baixo estofo,
que nem sequer sabe imitar
o modelo que escolheu.


Outra consideração:
os verdadeiros missionários de Deus
ignoram-se a si mesmos,
em sua maior parte;

desempenham a missão a que foram chamados
pela força do gênio que possuem,
secundado pelo poder oculto
que os inspira e dirige a seu mau grado,
mas sem desígnio premeditado.

Numa palavra:
os verdadeiros profetas se revelam por seus atos,
são adivinhados,
ao passo que os falsos profetas
se dão, eles próprios,
como enviados de Deus.

O primeiro é humilde e modesto;

o segundo, orgulhoso e cheio de si,
fala com altivez e, como todos os mendazes,
parece sempre temeroso
de que não lhe dêem crédito.


Alguns desses impostores têm havido,
pretendendo passar por apóstolos do Cristo,
outros pelo próprio Cristo,
e, para vergonha da Humanidade,
hão encontrado pessoas
assaz crédulas
que lhes crêem nas torpezas.

Entretanto, uma ponderação
bem simples seria bastante
a abrir os olhos do mais cego,

a de que se o Cristo reencarnasse na Terra,
viria com todo o seu poder
e todas as suas virtudes,
a menos se admitisse,
o que fora absurdo,
que houvesse degenerado.

Ora, do mesmo modo que,

se tirardes a Deus um só de seus atributos,
já não tereis Deus,

se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo,
já não mais o tereis.

Possuem todas as suas virtudes
os que se dão como sendo o Cristo?

Essa a questão.

Observai-os, perscrutailhes as idéias e os atos
e reconhecereis que,
acima de tudo,
lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo;

a humildade
e a caridade,

sobejando-lhes as que o Cristo
não tinha:
a cupidez
e o orgulho.

Notai, ao demais,
que neste momento há,
em vários países,
muitos pretensos Cristos,
como há muitos pretensos Elias,
muitos S. João ou S. Pedro
e que não é absolutamente possível
sejam verdadeiros todos,

Tende como certo que são apenas criaturas
que exploram a credulidade dos outros
e acham cômodo viver
à custa dos que lhes prestam ouvidos.


Desconfiai, pois,
dos falsos profetas,
máxime numa época de renovação,
qual a presente,
porque muitos impostores
se dirão enviados de Deus.

Eles procuram satisfazer na Terra
à sua vaidade;

mas uma terrível justiça os espera,
podeis estar certos.

..........................................................................
- Erasto. (Paris, 1862.)
...................................................................
Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo

Nenhum comentário:

Postar um comentário