MENSAGEM DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
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O Calvário do Mestre não se constituía tão somente de secura e aspereza...
Do monte pedregoso e triste jorravam fontes de água viva que dessedentaram a alma dos séculos.
E as flores que desabrochavam no entendimento do ladrão e na angústia das mulheres de Jerusalém atravessaram o tempo, transformando-se em frutos abençoados de alegria no celeiro das nações.
Colhe as rosas do caminho no espinheiro dos testemunhos...
Entesoura as moedas invisíveis do amor no templo do coração...
Retempera o ânimo varonil, em contato com o rocio divino da gratidão e da bondade!...
Entretanto, não te detenhas. Caminha!....
É necessário ascender.
Indispensável o roteiro da elevação, com o sacrifício pessoal por norma de todos os instantes.
Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu. Mas erguido, em plena solidão, no madeiro doloroso por devotamento à humanidade, converteu-se em Eterna Ressurreição.
Não temos outra diretriz senão a de sempre:
Descer auxiliando para subir com a exaltação do Senhor.
Dar tudo para receber com abundância.
Nada pedir para nosso Eu exclusivista, a fim de que possamos encontrar o glorioso NÓS da vida imortal.
Ser a concórdia para a separação.
Ser luz para as sombras, fraternidade para a destruição, ternura para o ódio, humildade para o orgulho, bênção para a maldição..
Ama sempre.
É pela graça do amor que o Mestre persiste conosco, os mendigos dos milênios derramando a claridade sublime do perdão celeste onde criamos o inferno do mal e do sofrimento.
Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta.
A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.
O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e segurança.
Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do céu para a defesa do aprisco?
É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados.
A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abismo.
O cérebro sublimado não encontra socorro no coração embrutecido.
A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegada à aflição ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos.
Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humanidade, e o vento frio da desilusão soprará, de rijo, sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.
É imprescindível a ascensão.
A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior ainda mesmo coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram. Refaz as energias exauridas e volta ao lar de nossa comunhão e de nossos pensamentos.
O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim.
O farol no oceano irado é sempre uma estrela em solidão. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou.
Avança.... Avancemos...
Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor é o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.
Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.
Não exijamos esclarecimentos.
Procuremos servir.
Cabe-nos apenas obedecer até que a glória Dele se entronize para sempre na alma flagelada do mundo.
Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.
O Evangelho é o nosso Código Eterno.
Jesus é o nosso Mestre Imperecível.
Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras, amedrontando, vergastando, torturando, destruindo...
Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar.
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Chico Xavier / São Francisco de Assis
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