Faltas Alheias - João, bispo de Bordéus
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Sede indulgentes com as faltas alheias,
quaisquer que elas sejam;
não julgueis com severidade
senão as vossas próprias ações
e o Senhor usará de indulgência
para convosco,
como de indulgência houverdes usado
para com os outros.
Sustentai os fortes: animai-os à perseverança.
Fortalecei os fracos, mostrando-lhes a bondade de Deus,
que leva em conta o menor arrependimento;
mostrai a todos o anjo da penitência estendendo
suas brancas asas sobre as faltas dos humanos
e velando-as assim aos olhares daquele
que não pode tolerar o que é impuro.
Compreendei todos a misericórdia infinita
de vosso Pai e não esqueçais nunca de lhe dizer,
pelos pensamentos, mas, sobretudo,
pelos atos:
"Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos hão ofendido."
Compreendei bem o valor destas sublimes palavras,
nas quais não somente a letra é admirável,
mas principalmente o ensino que ela veste.
Que é o que pedis ao Senhor, quando implorais para vós o seu perdão?
Será unicamente o olvido das vossas ofensas?
Olvido que vos deixaria no nada,
porquanto, se Deus se limitasse a esquecer as vossas faltas,
Ele não puniria, é exato,
mas tampouco recompensaria.
A recompensa não pode constituir prêmio do bem
que não foi feito, nem, ainda menos,
do mal que se haja praticado,
embora esse mal fosse esquecido.
Pedindo-lhe que perdoe os vossos desvios,
o que lhe pedis é o favor de suas graças,
para não reincidirdes neles,
é a força de que necessitais
para enveredar por outras sendas,
as da submissão e do amor,
nas quais podereis juntar
ao arrependimento a reparação.
Quando perdoardes aos vossos irmãos,
não vos contenteis
com o estender o véu do esquecimento sobre suas faltas,
porquanto, as mais das vezes,
muito transparente é esse véu
para os olhares vossos.
Levai-lhes simultaneamente,
com o perdão,
o amor; fazei por eles o que pediríeis fizesse
o vosso Pai celestial por vós.
Substitui a cólera que conspurca,
pelo amor que purifica.
Pregai, exemplificando,
essa caridade ativa, infatigável,
que Jesus vos ensinou;
pregai-a, como ele o fez durante todo o tempo
em que esteve na Terra,
visível aos olhos corporais
e como ainda a prega incessantemente,
desde que se tornou visível
tão-somente aos olhos do Espírito.
Segui esse modelo divino;
caminhai em suas pegadas;
elas vos conduzirão ao refúgio
onde encontrareis o repouso após a luta.
Como ele, carregai todos vós
as vossas cruzes e subi penosamente,
mas com coragem,
o vosso calvário,
em cujo cimo está a glorificação.
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João, bispo de Bordéus. (1862.)
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