quarta-feira, 13 de julho de 2011

Faltas Alheias - João, bispo de Bordéus


Faltas Alheias - João, bispo de Bordéus
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Sede indulgentes com as faltas alheias,
quaisquer que elas sejam;
 não julgueis com severidade
senão as vossas próprias ações
e o Senhor usará de indulgência
para convosco,
como de indulgência houverdes usado
 para com os outros.


Sustentai os fortes: animai-os à perseverança.

Fortalecei os fracos, mostrando-lhes a bondade de Deus,
que leva em conta o menor arrependimento;

mostrai a todos o anjo da penitência estendendo
suas brancas asas sobre as faltas dos humanos
e velando-as assim aos olhares daquele
que não pode tolerar o que é impuro.

 Compreendei todos a misericórdia infinita
de vosso Pai e não esqueçais nunca de lhe dizer,
pelos pensamentos, mas, sobretudo,
 pelos atos:

 "Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos hão ofendido."

 Compreendei bem o valor destas sublimes palavras,
nas quais não somente a letra é admirável,
 mas principalmente o ensino que ela veste.



Que é o que pedis ao Senhor, quando implorais para vós o seu perdão?

Será unicamente o olvido das vossas ofensas?

Olvido que vos deixaria no nada,
porquanto, se Deus se limitasse a esquecer as vossas faltas,
 Ele não puniria, é exato,
mas tampouco recompensaria.

A recompensa não pode constituir prêmio do bem
que não foi feito, nem, ainda menos,
do mal que se haja praticado,
embora esse mal fosse esquecido.

Pedindo-lhe que perdoe os vossos desvios,
 o que lhe pedis é o favor de suas graças,
 para não reincidirdes neles,
é a força de que necessitais
 para enveredar por outras sendas,
 as da submissão e do amor,
nas quais podereis juntar
ao arrependimento a reparação.



Quando perdoardes aos vossos irmãos,
não vos contenteis
com o estender o véu do esquecimento sobre suas faltas,
porquanto, as mais das vezes,
muito transparente é esse véu
 para os olhares vossos.

Levai-lhes simultaneamente,
com o perdão,
 o amor; fazei por eles o que pediríeis fizesse
o vosso Pai celestial por vós.

Substitui a cólera que conspurca,
 pelo amor que purifica.

Pregai, exemplificando,
essa caridade ativa, infatigável,
que Jesus vos ensinou;

 pregai-a, como ele o fez durante todo o tempo
 em que esteve na Terra,
visível aos olhos corporais
e como ainda a prega incessantemente,
 desde que se tornou visível
tão-somente aos olhos do Espírito.

Segui esse modelo divino;
caminhai em suas pegadas;
 elas vos conduzirão ao refúgio
onde encontrareis o repouso após a luta.

Como ele, carregai todos vós
as vossas cruzes e subi penosamente,
 mas com coragem,
o vosso calvário,
 em cujo cimo está a glorificação.


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João, bispo de Bordéus. (1862.)

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