terça-feira, 28 de maio de 2013

Autêntico Amor Fraternal!



(Trecho da Obra Mediúnica “Edificando a Vida” da Equipe Nosso Lar)
Psicografia médium maria

A vida transcorria na capitania  em tranqüilidade absoluta.
Já conhecia seus moradores e estes por sua vez já nos respeitavam como doutrinadores.

Era um recomeçar diário com as minhas tarefas, no jardim interno da Igreja que já parecia outro em organização e beleza, a refeição matinal, a reunião de estudos, a meditação, o trabalho de catequização dos índios sempre tão hostis e arredios, a visita a enfermos, a cerimônia religiosa e novamente o repouso.

Naquela manhã novamente acordei cedo para caminhar até  á praia e fazer a minha prece matinal.

O dia, no entanto não estava claro. 

Nuvens densas cobriam toda a colônia. 

Ventava forte.

 Desde que c chegara àquelas terras com certeza seria a primeira tempestade.

A caravela ainda ancorada e sem previsão de partida, subia e descia inquieta sobre as ondas, indo e vindo incessantemente com os ventos. Outras embarcações menores usadas para pescarias também assim se sacudiam ao tempo.

Chegando à praia não sentei permanecendo em pé.

 Abri os braços, ergui a cabeça e olhando aquele céu e o mar negros, fiz minha prece com imensa devoção sentindo-me imensamente feliz com a vida e as oportunidades nas novas terras.

Tão logo terminei percebi que uma das jovens indígenas, da qual não conseguia me aproximar, me olhava sentada a certa distancia.

Olhei para trás preocupado com o chefe indígena que sempre cuidava de todos eles tal qual pai zeloso.

Aproximei-me e sorri. 

Brincando, imitei tal qual criança, uma gaivota. 

Abri os meus braços e plainei em meus passos, girando meu corpo e dançando os meus pés na areia muito branca.

A menina riu e eu fiquei imensamente feliz. 

Continuei minha encenação brincando, mas no intuito real de cativar-lhe a confiança.

Terminando, me aproximei e sentei-me do seu lado.

Ali permaneci silencioso. 

A jovem nada falou, olhava o mar, o céu e por vezes me olhava e sorria. 

Era com certeza o inicio de uma enorme amizade num dialogo mudo de confiança.


Repentinamente os ventos se intensificaram e começou a chover com intensidade. 

O cheiro de terra molhada impregnava nossos seres. 

Olhei para a índia, percebendo que a chuva não a intimidara.

 Muito pelo contrário.

 Agora era ela que havia se levantado e brincava com os braços e com os passos plainando tal qual ave brincando com o vento forte e deixando que a água da chuva forte a abençoasse. 

Fiz o mesmo e naquele instante éramos duas crianças, indo e vindo naquela praia de areia molhada, brincando com a natureza.

Meus cabelos longos, a barba, a túnica tudo estava molhado. 

A jovem índia também em sua única veste aquela pequena saia de palha.

Riamos extasiados com a aventura, não sabíamos, no entanto, que sorria em plenitude a nossa alma pelo reencontro.

Muito cansados de brincar paramos, nos olhamos e então pela primeira vez nos muitos dias que a encontrara com seu grupo de indígenas, ouvia sua voz:

- Vou!

Sua mão se movimentou apontou a mata ao longe, próxima ás casas. 

Falei emocionado:

- Também vou.

E fiz o meu próprio gesto apontando a igreja.

Vi a jovem se distanciando e me ajoelhei na areia agradecendo a Deus pela oportunidade que tanto havia esperado todo aquele tempo. 

Tanto desejara um contato com aqueles índios que não fosse indiferente e tão pouco hostil. 

Estava me sentindo imensamente feliz porque tínhamos simplesmente nos comportado como dois seres iguais, brincando simplesmente com Amor.

Levantei-me e voltei para a Igreja. 

Frei Inácio já havia despertado, mas este, no entanto, não mais se preocupava com os meus passeios sozinho. Por vezes até me incentivava.

- Vejo que passeavas na chuva! Podes adoecer !

Compreendi a sua preocupação, pois nos tratava mais como filhos do que companheiros jesuítas.


- Sim Frei, a chuva me surpreendeu quando orava na praia. Vou imediatamente me trocar.

O frei olhou-me intrigado.

- Teus olhos brilham diferente, estás mais feliz e alegre do que normalmente ?

Não poderia negar.

- Sim frei, hoje eu brinquei como um índio!

O frei surpreendeu-se pediu que eu fosse me trocar e disse que depois conversaríamos.

Fui para meu cômodo me trocar e estava sentindo minha alma renovada, por ter vivenciado o autêntico amor fraternal.



Tão logo me troquei, procurei novamente frei Inácio na igreja e ele me aguardava na sacristia. 

Tiago e Fernando ainda não haviam despertado. 

Poderíamos conversar com tranqüilidade como nunca ainda havia o feito. 

Sentamo-nos juntos e dialogamos.

- Contastes que brincastes como um Índio?

Impossível era esconder a minha felicidade e sorri.

- Sim frei Inácio e com uma índia!

Frei Inácio franziu suas sobrancelhas grisalhas, falando temeroso:

- Cuidado os selvagens são perigosos.

Respondi em serenidade absoluta ainda sorrindo.

- Frei não são selvagens, são nossos irmãos.

O frei parecia acalmar-se.

- Sim eu sei , mas não deixam de ser selvagens. Inúmeros ataques destes índios acontecem em todas as capitanias desta colonia. Não tem muito tempo, aqui nesta colônia, viviam longe da civilização. Muitos ainda nas matas desconhecem-na.

Olhei-o com admiração e falei num tom mais elevado.

- A nossa civilização frei, por vezes é mais selvagem!

Aquele meu companheiro já envelhecido silenciou em minha afirmação.

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