sábado, 28 de março de 2015

ENCANTO BRASILEIRO


ENCANTO BRASILEIRO 


Na nau que se deslocava
Em meio a um mar revolto
No infimo horizonte ocultava
Em mim um mero sonho.

Numa praia que avistamos
Num verde encantador
Descobri as novas terras
Nessa era o meu Senhor

A estória muito o narra
No entanto pouco cita
Da minha simplicidade
Ante a alegria da vida.



Nas aves tão coloridas
Em seu canto me deslumbrava
Olhando a copa floral
Em minhas longas jornadas.



Caminhei em descobertas
Na humildade meu caminho
Expandindo o evangelho
Ao branco, ao negro, ao indio.


Nas praias de minha estória
Eu era um mero rapaz
Brincando de desenhar na areia
Meros rabisco de paz


Na luz do amanhecer
Na prece silenciosa
Recitando agradecia
Ante natureza imperiosa
Á minha Virgem Maria



A cada resplandecer

no brilho de nova aurora
na magestade de dias
minha fé enobrecia
á Virgem Nobre Senhora.



Com os índios aprendi
Muita coisa de valor
Descobri a fauna e a flora
E nesta a cura ante a dor



Descobri a alegria
No regozijo da dança
Plainando tal qual gaivota
Brincando como criança.

Pouco a pouco eu decifrei
Em cada tribo um dialeto
Nobre a minha experiência
Transpondo por completo
O meu pobre raciocínio.



Ante a névoa fresca e fria
Do inverno deste São Paulo
Na planície derradeira
Numa vegetação rasteira
A capitania ascendia
Na vila que se elevava.



Na companhia de Jesus
No amparo de Irmãos
Edificamos a escola
Com amor e união



Na dor eventual
Em meu corpo reclinado
O balsamo em muito amor
De irmãos em meu cajado.



Conheci muitos Irmãos
E nestes fiz nobres amigos
Lembro de um com certeza
Que nesta vida comigo
Enobreceu grande fé.

Em união caminhamos
Num só objetivo
De amar nossos Irmãos
Exemplificando a fé
No onipotente Pai Altíssimo.



Nem tudo era sublime
Havia discordia e dor
Ante o dominio das terras
Se olvidavam do Amor.



Na floresta que adentrávamos
Na coragem de tropeiros
No braseiro confortava
Os pés e as mãos molhados
Nos rios do meu caminho
No trote de cavalos ligeiros.

O evangelho segurava
E nele eu refletia
A catequese aplicada
À parda pele de índios
Na atitude de Irmãos
Que no braseiro se aqueciam.

No conforto do alimento
Na benção do Meu Senhor
Na mandioca aquecendo
Um pouco da carne na banha
Nas chamas de um mero braseiro.



Na flora em esplendor
Na fauna diversificada
A cada dia a descoberta
As novas terras eu amava.

Nas paisagens magníficas
Na Gloria do Meu Senhor
Abençoava Irmãos
Com todo o meu louvor.

No silencio da noite escura
A prece em mim fervorosa
No frio denso do orvalho
Da coruja o triste pio
Nas estrelas um cenário
Num encanto brasileiro.



Na benção de muitas mãos
A vila em si se expandia
Na fé que elevava Irmãos
Sentindo a bênção nas mãos
A vida em si prosseguia

Não o narra por certo a estória
Que em muitas de minhas auroras
No trilhar de meus caminhos
Mediquei os desvalidos

Nem tudo era só encanto
Esmoreci no caminho
Olhei-me com o rosto em pranto
E o corpo em desalinho

Nas sandálias da humildade
De meus Irmãos em Jesus
Também imperava a dor
Em vã sabedoria e muita teologia
Mas não exemplificavam o amor

Em muita desigualdade
No poder cruel de Irmãos
Vi a dor e o sofrimento
Na pele sangrando dos negros
Que também eram irmãos.

Recolhi-me com nobres amigos
E nestes fiz aliados
No romper de noites escuras
Socorremos estes desesperados

No fulgor do dia alvo
No transcorrer dos caminhos
Amparávamos igualmente Irmãos
Na pele parda de índios.

Na vila e em seu progresso
Na pele alva de brancos
Imperava também discórdia
Num poder tão desumano

Clamei a fé vibrante
Em tempos de escuridão
Ante a dor da jornada
Transpondo as pedras do chão

Revi a magnitude Divina
Nas maravilhas da terra
Que em cantos me abrigava
E em mim eu tanto amava

Reclinei-me ao Meu Senhor
Clamei amparo e perdão
Recolhi-me ao meu silencio
Em prece e oração

Na minha reflexão
Ergui-me forte e vibrante
Prossegui humilde adiante
Despertei com saúde e vigor
Antes do sol com seu esplendor
Em muitas e muitas manhãs


Recitei o Evangelho
Nos passos do Meu Senhor
Clamei mais igualdade a Irmãos
Doutrinando-os com fervor
Suplicando fraterno amor

Na benção da nova terra
Na vela quente a brilhar
A pena deslizou ligeira
No anseio de Irmãos doutrinar
Na chama do candeeiro
Num encanto brasileiro.



Nas bênçãos de muitas auroras
Numa veste de jesuíta
Nas sandálias do Meu Senhor
Escrevi obras de amor
Elevei novas escolas
Evangelizei novos destinos
Amparado por meus Irmãos
Catequizamos caminhos.

A vida passou ligeira
O invólucro envelheceu
No Virgíneo Colo da Virgem
Na Benção do Pai retornei
Em meu Espírito luzente
Novamente me encontrei.

Numa esfera não tão distante
Por longos períodos afins
Entre tarefas doutrina e lição
Preparei-me lentamente
Para uma nova missão.

Na Benção do Meu Senhor
No regozijo da volta
Ínfimas promessas elaborava
Mas ante a veste corpórea
De tudo me olvidava.

Humilde e pobre nas terras
Novo seio familiar
Como um pastor de ovelhas
Recomecei meu trilhar.

Em terras tão lusitanas
Amadas em minha origem
Sentia o saudoso abraço
Nas paisagens que revia.

Novo corpo esmorecia
Omisso á alma vibrante
Na ambição dos minérios
Em terras não tão distantes.

Na nau eu novamente
Ao novo mundo me deslocava
No entanto no errôneo sonho
Do minério que brilhava.

Avistando o novo mundo
Na mata que resplandecia
Sob o céu em magnitude
Em mim profunda alegria
Em lembranças que não compreendia
A imensa fé em mim renascia.

Em imperiosa beleza
Retornava com certeza
Ás terras de São Sebastião
A mata atlântica ressurgia
Ante o mar e suas ilhas
Delineando o meu chão.

Caminhei perseverante
Fui hábil comerciante
Conquistei o meu império
Mas a alma em mim clamava
A essência de um mistério
Em minha própria evolução.

O mistério em mim brilhou
No novo dia em esplendor
Na supremacia de um Pai
Na benção do Meu Senhor
No acalento da Virgem
Um Irmão em luz se aproximou

Reclinei-me em humildade
Ante o Espírito que em si brilhava
Clareando-me o caminho
Em imensa Paz e Amor
Apontando um só destino.

Distribui o minério
Repartindo o meu império
Aos Irmãos empobrecidos
Amparando os desvalidos.

Numa veste de franciscano
Nas sandálias do Meu Senhor
Finalmente eu reencontrava
Nestas terras que tanto amava
Uma nova missão de amor

Nas colinas imponentes
Em mata verde a brilhar
No mar revolto beijando
As areias embranquecidas
Em Fé me engrandecia
Redescobrindo a alegria.

Ante a Virgem Nobre Senhora
Ante as Glorias do Meu Senhor
Em Fé reaprendia a lição
De amar sem distinção
Meus irmãos alegres e festeiros
Em nova abençoada missão
Num encanto brasileiro. 

Neste convento fiquei
Por pouco tempo afim
De me ingressar na missão
Compreende-la em mim

Percorria ali espaços
Em prece e oração
Sorria e muito brincava
Alegre com meus Irmãos

No pátio interno deste
Tinha um lindo jardim
Onde conversavam os freis
Em cheiro de rosa e jasmim.

Na pequenina capela
Muita essência em dor derramei
Pelos caminhos de outrora
No tempo que de mim roubei

Nos cânticos que ali soavam
Num coro de meus Irmãos
Reencontrei Virgem Nobre Senhora
Ao Meu Senhor me curvei

Na benção do Pai Altíssimo
No sino que em si cantava
Olhando no mar distante
A nova vida que amava

Mas na terra de poucos reis
A dor também imperava
De tocha em minhas mãos
Percorria a escuridão

Num túnel com meus Irmãos
Que interligava as capelas
Fazíamos noturnas jornadas
Socorrendo nas vielas

Nos ataques de piratas
Na investida de salteadores
A linda bahia dos reis
sobrevivia a temores

Na conquista do minério
que das gerais provinha
a vila se elevava
A doutrina se expandia

Na bela igreja matriz
Nas missas realizadas
A doutrina eu reaprendia
Na essência d’alma o sabia
Meu invólucro se encantava

Na folia de meus Irmãos
Na alegria da vida
Na dança expressavam a dor
E o sofrimento de dias

No canto liberavam em si
Também imensa euforia
Na benção sagrada do pão
Na fé que em cada um renascia.

Destas terras tão amadas
Em grandiosas paisagens
No fervor da oração
Pranteou meu coração
Em cândida despedida

Em nova vida fulgente
Lindas terras vislumbrava
Muito Trabalho de Amor
Num outro convento encontrava

Como um mero porteiro
Da casa de Meu Senhor
Descobria compadecido
A enfermidade e a dor

Terna emoção sobreveio
Com força e esplendor
Soerguendo-me inteiro
Na alma clemência em fervor

Muitos batiam á porta
da Casa do Meu Senhor
Clamando por piedade
o conforto em sua dor

Um escravo foragido
o sangue no corpo jorrando
clamando a um mero porteiro
no entanto um franciscano

Abracei-o com ternura
compreendendo-lhe a dor
das feridas da chibata
no poder de algum senhor

Murmurei que era Irmão
No amor que é infinito
e ao soerguê-lo do chão
sua dor tinha sumido

No amparo de um amigo
que sempre me acompanhava
na benção da sua luz
a luz em mim emanava

Compreendi finalmente
a minha nobre missão
de acalentar na doença
e curar com as minhas mãos

Reclinei-me ao Meu Senhor
Pedi amparo e perdão
Clamei á Virgem Nobre Senhora
No seu colo a compaixão

Sem ter preparo ou instrução
o superior me chamou
olhando profundo nos olhos
na enfermaria me colocou

Não tinha quarto ou aposento
em meio aos enfermos ficava
socorrendo em suas dores
nos dias e madrugadas

Na benção de muitas auroras
Das janelas eu vislumbrava
Uma encantadora paisagem
Que meu invólucro confortava

Mar e terra se abraçavam
Nas bênçãos do Meu Senhor
Na gloria da Virgem Senhora
A vida prosseguia em esplendor

No regozijo das curas
Na felicidade de Irmãos
Muitos me procuravam
As curas em si clamavam
No toque de minhas mãos
Socorri pobres escravos
E também os seus senhores
Não havia distinção
Ante a dor de cada Irmão

O nobre governador
Reclinado em seu leito
Clamou a cura ao frei
Concedi-lhe o alento

O pobre desvalido
Na rua em sofrimento
Abracei-o ternamente
Em nobre medicamento

A vida assim transcorreu
De joelhos em humildade
Dando Graças ao Meu Senhor
Socorrendo e curando Irmãos
Com muita luz e amor

Olhando as lindas colinas
Na mata verde a brilhar
Ao Pai Altíssimo agradecia
A nobre arte de amar.

No convento refletia
A benção de cada dia
Nas lindas aves que via
Alegres em seu plainar

A cada cura de Irmãos
Na Benção em minhas mãos
Lindas terras eu amava
Na vida que me encantava
No entanto passava ligeiro
Num encanto brasileiro 

Nestas terras do Rio de Janeiro
Na colônia em seu esplendor
Entre planícies e montes
Na fé eu edificava amor

No convento na colina
O meu corpo adoeceu
No transpor dos meus caminhos
Era dor a percorrer

A chaga em si aumentou
Me chamou o superior
Clamou ao medico amigo
Que me medicasse na dor

Ajoelhei-me ao chão
Clamei à Virgem Senhora
Que não permitisse ao Irmão
Sentir o tormento em si
De minha enfermidade
Naquela nova aurora

O meu Irmão ali esteve
Olhando os ferimentos a purgar
Na Benção do Pai Altíssimo
Também disse não curar

No convento me indagavam
O cheiro de muita flor
Os olhei em fé vibrante
E disse que era amor

Que tinha clamado em fé
A benção ao Meu Senhor
Que os Irmãos não sentissem
Das chagas o seu odor

No acalento da Virgem Senhora
Minha vida em si transcorreu
Abençoando os Irmãos
Meu invólucro envelheceu

Na pequenina cela
No convento na colina
Sem mais me deslocar
Muitos Irmãos ali vinham
Desejando me tocar.

Abençoava-os na luz
Que de meu Irmão emanava
E em toda a minha jornada
Sempre me acompanhara

O olhei ternamente
Me acolheu em seu abraço
Se dizendo agradecido
Levou-me em seu amparo

Na benção do Meu Senhor
Olhei a colônia a brilhar
No peito sentia amor
E a certeza de voltar

Na existência que é ínfinita
O meu espírito vislumbrava
Muito Trabalho de Amor
Que em outra Colônia encontrava

Das terras que tanto amava
No regozijo verdadeiro
Prometi então e voltar
Num encanto brasileiro.

Fiquem em Imensa Paz

Equipe Espiritual Nosso Lar
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Mensagem Mediúnica
Psicografia medium maria

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