quarta-feira, 21 de março de 2012

Obra mediúnica "GABRIEL" ( I PARTE)




(Esta é uma obra mediunica; ainda não foi revisada em erros de gramatica ou ortografia; porem compartilho a sua essencia com muito amor no nobre obrar de Irmãos Espirituais)

GABRIEL

I PARTE

Equipe Nosso Lar
medium maria
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                                                       Prefácio
Doada é a "Terra" para o plantio.
Doado é o corpo físico apto ao bom cultivo.
Doado é o meio propicio ao bom trabalho.
O lavrador num sopro de vida desperta a cada manhã.
O Pai misericordioso o abençoa a cada dia. Concede-lhe o sagrado alimento que lhe sustentará  o corpo e abençoa-lhe a água em energia.
Com extrema bondade o Pai carinhosamente lhe fornece os meios e as ferramentas e sorrindo num sol magnânimo diz-lhe:
                      - Ide meu filho, e obrai por tua evolução e progresso;
                      - Ide e obrai por mim amando teus Irmãos !
O lavrador inicia mais uma árdua jornada diária; a "Terra" é demasiadamente árida ;           
                           " Difícil é arar, adubar,  e semear!"
Inúmeros sentimentos, pensamentos e atitudes incrivelmente daninhas, proliferam impiedosamente a cada instante  em seu jardim individual e em seu pedaço de "Terra".
Por vezes exausto do árduo e incessante cultivo, recostasse ao repouso e  adormecido fica de suas obrigações.
O dia lhe transcorre excessivamente breve e retorna ao lar, no qual encontra o descanso ao corpo.
Novamente o Pai o recebe piedoso e o indaga ansioso:
-          "Novamente voltas da "Terra" meu Filho, o teu corpo exausto repousa profundamente;"
                                        Arastes, adubastes, e semeastes em teu pedaço da "terra ?"
Mas o filho lavrador, inúmeras vezes se esquece do Pai que o ama ;
Não o percebe;
           não lhe agradece as bênçãos;
                              e tão pouco lhe conta o seu dia!
Porem em extrema bondade e misericórdia,  o Santificado Pai, respeita-lhe a liberdade do espírito, e aguarda-lhe paciente o repouso do corpo.
Em infinita oportunidade, á continuidade na evolução de seu filho lavrador, novamente o 
Pai Generoso o desperta, com um sol magnânimo em mais um dia glorioso.
Lhe doa a aptidão ao corpo, lhe concede o sagrado alimento e a água energisada, lhe fornece os meios e as ferramentas e diz pacientemente:
                                  "  - Ide meu filho, e obrai em teu pedaço da "Terra"!  "

Esta obra "Gabriel", tem o intuito de mostrar aos Irmãos em plano físico, que Deus , confia continuamente na evolução de seus filhos.
Concedendo-lhes sempre uma nova oportunidade á vida física e doando-lhes  em grandiosa benção os meios necessários ao seu progresso .
Em "Gabriel" , o Espirito Lucas conta a estória de um de nossos Irmãos, que teve esta grandiosa oportunidade, numa época regressa em vosso plano físico.
Reencarnando como um servo de um castelo, a vida física que lhe possibilitava  engrandecer-se em humildade, resignação e amor para com os seus Irmãos.
Gabriel recebia de Deus, Nosso Pai,  os meios necessários a redimir-se e corrigir-se dos inúmeros erros em sua vidas regressas.
Na  narrativa da vida reencarnatória, do Irmão Gabriel, visualizará o leitor, a imensa liberdade e as continuas e diárias oportunidades que Deus, Nosso Pai, concede em extrema Bondade, viabilizando-nos o progresso e a evolução.
Concluirá ainda, o Querido e Amado Irmão, que se Deus, Nosso Pai, doa-nos a  continuidade; concedendo-nos sempre um novo despertar para o plantio,
                                  "...Nunca é tarde demais
                                  para se olhar  o nosso pedacinho da "Terra",
                                                              e iniciar um paciente plantio  de Amor.                  
                                                                                           -Efigênio-
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Gabriel
Pelo  Espirito Lucas

I Parte : No Hemisfério da Emoção .................................................(Pagina 3 a 12)
" Deus, Nosso Pai, concede-nos  os sentimentos para que aprendamos a Amar!"

II Parte : No hemisfério  do Livre- Arbítrio .................................(Pagina 13 a 32)       
"Deus, Nosso Pai , concede-nos   a  liberdade de pensarmos, sentirmos e agirmos!"

III Parte : No hemisfério da Conseqüência .................................( Pagina 33 a 76)
"  Deus, Nosso Pai, concede-nos  a colheita do nosso bom ou mau cultivo! "

IV Parte : No hemisfério da Reflexão ........................................( Pagina 77 a 159)
"Deus, Nosso Pai, concede-nos  a pausa necessária á ponderação sobre nossa vida!"

V Parte : No hemisfério do Arrependimento............................. (Pagina160a 195)
"Deus, Nosso Pai, nos concede a capacidade de reconhecermos nossos erros! "   .   

VI Parte: No hemisfério da Redenção...........................................(Pagina196a316)
 "Deus, Nosso Pai, concede-nos a infinita oportunidade de nos redimirmos!"

VII Parte: No hemisfério da Regeneração....................................(Pagina317a324)                   
"Deus, Nosso Pai, concede-nos o auxilio para  nos recompormos! "
                                                                                                                                                                                                                                                                  
























                               I Parte : No Hemisfério da Emoção


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Gabriel vasculhou a cela , ergueu-se em seu corpo magro e frio e chegou á grade em que podia ver a vida.
A luz iluminou-lhe o semblante  febril; as rugas invadiam-lhe a face jovem e o desfigurava , em inúmeros maus tratos que recebera pela vida.
Quem diria, completara seu trigésimo  quinto aniversario e sentia-se velho; estava envelhecido pela vida.
No pasto verdejante que avistava da pequena janelinha, podia ver que a vida continuava  ensolarada no  castelo de Brigith.
Podia ver os cavalos de raça negra e imponentes em sua majestade correndo pelas campinas.
Lágrimas lhe desceram dos olhos e a face contorceu-se em dor. Como invejava aqueles bichos tão robustos e tão sadios. Possuiam a  força e a vitalidade que não mais possuia. Quis gritar mas a voz não mais lhe pertencia; fazia anos, que naquela masmorra não falava com ninguém. Cedeu ao impulso de se sentir cansado e as  pernas contorceram-se  ;  foi pouco a pouco curvando-se até cair no chão  úmido e fétido de pedra.
Relembrou toda a sua vida, em passado que lhe parecia tão distante, mas que lhe ficava tão próximo , ao olhar por aquela janelinha.
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              Trajava túnica branca e corria  pelas colinas; vinte anos de juventude e vivacidade. Sentia-se feliz em correr e em sua jovialidade, pulava sobre o pelo negro dos cavalos, que lhe eram tão amigos; sentia-se voar sobre o manto imensamente verde que se estendia por sobre aquela terra, tal qual  o imenso tapete que cobria o imponente salão, do castelo de Brigith. Quando lá entrava, admirava os enormes lustres de pingentes cristalinos, que iluminavam todo o salão, quando as velas eram acesas ao entardecer.
- Gabriel onde estás?
A voz era meiga e suave, e Gabriel corria a atender o chamado ,daquela linda jovem  que tanto amava. Avistou-lhe; olhar cândido e belo. Pele lisa e rosada. Trajava um belo vestido de cetim azul, tal qual o céu, que cobria aquela propriedade. Olhos negros e cheios de vida. Mechas douradas, desciam em delicados caracóis,  sobre os ombros. Falava-lhe:
- Onde estavas Gabriel?
A voz era firme e lhe soava  amigavelmente. Fez  acentuada reverencia diante de Brigith e beijou-lhe a mão,  dizendo-lhe:
- Senhorita Brigith , cuidava de seu cavalo. Desejas cavalgar?

Gabriel,  servo da casa desde criança, crescera  sempre próximo a Brigith. Ainda  que as posições lhes fossem bem diferentes, a vida lhes era semelhante  em   jovialidade, afinidade e extrema amizade. Mas  os pais da jovem nobre, não agradavam do constante convívio da filha com os servos fazendo o possível para distancia-la dos  passeios nos campos, ou da sua ausência do interior do castelo. Mas quando a jovem  o chamava, lá estava prontamente o servo Gabriel; Surgindo no imenso salão, vislumbrando os lustres, admirando o luxo, e pronto para atender Brigith.

                    Certo dia, anunciou-se  a festa de noivado de Brigith. Prometida em matrimonio desde menina, a um lorde da corte, estava finalmente em idade de casar-se. Quinze anos de jovialidade e beleza. Gabriel soube da noticia por Manco , seu companheiro nas tarefas e seu tutor.
-    Gabriel, soubeste o que ocorrerá próximo meado de mês?
-         O que ocorrerá Manco?
Manco, olhou-o com seriedade e falou-lhe:
-         A senhorita Brigith irá noivar com conceituado nobre escocês. Aqui, deverá chegar breve.
Gabriel deixou os braços cederem sobre a túnica branca. O raio de sol de sua vida, parecia não mais ser só seu .Sentimentos confusos lhe estrangulavam o peito e tremores involuntários lhe percorriam o corpo. Precisava ver Brigith. Precisava lhe expor seus sentimentos, ainda que os mesmos não  fossem correspondidos.
Mas as portas de madeira rústica, do enorme castelo, estavam cerradas. A noite,  já descia veloz , em negro cintilante , por sobre as colinas. Teria que esperar amanhecer. A noite pareceu uma eternidade; não conseguira dormir e ao primeiro raio de sol da manhã, Gabriel pegou o seu cavalo  preferido e cavalgou até á colina,  onde se colocou a observar  castelo.
O castelo era  enorme, mas com a imensa paixão e  amor que lhe gritavam em todos os  sentidos, poderia facilmente identificar a pequena janelinha do aposento de Brigith e saber se já despertara.
Ali  ficou algumas horas, até que viu a pequena janelinha ser aberta. Pegou o  cavalo e desceu veloz as colinas. Aproximando-se das muralhas , olhou para cima, imitando o assobio de uma ave.  Não poderia chamar atenção dos guerreiros, que protegiam a  nobreza defronte ao portal principal.
Brigith, que conhecia o assobio  carinhoso de seu fiel amigo, aproximou-se  do avarandado florido de  seu aposento , olhou-o sorrindo espontaneamente .
O seu sorriso iluminou a vida de Gabriel  e no seu coração a angustia serenou. Brigith sussurrou, com medo de ser ouvida:
-  Gabriel que fazes aqui? É cedo demais! Se  te vêm aqui, o capataz te castigará !  Gabriel olhou-a com ternura, agradecendo-lhe a preocupação e falou-lhe suplicante:
-         Brigith preciso muito falar-te. Escovarei o teu cavalo e o deixarei pronto para cavalgares...Dizei a teu pai, que desejas passear . Atendei-me este pedido !
A jovem sentia-se amedrontada, e com a voz tremula disse-lhe:
-         Gabriel, breve meu noivo virá ao castelo, para a festa do noivado. Meu pai não permitirá o passeio!
-         Brigith  diz a teu pai, que precisas ir até o lago, ver como estão os potros que nasceram e ele permitirá!
O semblante de Brigith entristeceu duvidoso, mas sussurrou:
-         Gabriel, te prometo que tentarei conseguir seu consentimento. Mas acho  improvável, meu amigo.
Gabriel afastou-se então velozmente, dizendo-lhe que a aguardaria no lago. Seu coração pulsava  forte tal, qual o galope de seu cavalo.  Ambicionava desesperado, aquele encontro e sentia em seu interior que lhe era a única esperança. O sentimento intenso e puro,  não mais se continha em seu interior. Chegando ao lago, apeou da montaria e agachou-se no verde manto, ainda orvalhado. Mirou-se na água e viu o seu reflexo . Era um rapaz saudável e forte, robustas formas e bonitos traços. A pele lhe brilhava a face e os olhos amendoados luziam paixão. Sentiu o rubor lhe  invadindo as feições e o sorriso lhe vinha aos lábios rosados,  elaborava infantilmente  o que falaria a Brigith. Lavou o rosto na água fresca , do lago anil, e deitou-se  observando as nuvens,  que pareciam brincar consigo, fazendo inúmeras formas e traçados, assemelhando-se á arte de  um mestre da pintura desastrado.


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Acordou na masmorra fria. Os membros pareciam entorpecidos pela umidade negra do solo empedrado. Cambaleou até o pequeno canto, que se fazia leito. Mais um dia se fora. A escuridão vinha invadindo todos os espaços, assim como os pedaços da sua memória. A refeição do dia, continuava intacta sobre  lata fina. Podia escutar os roedores, se aproximando do alimento, com uma fome que tão pouco ele sentia. O corpo lhe doía e deitou-se; a pele não mais lhe acolchoava os ossos  e estes  estalavam sobre o solo, ao tentar se virar. O frio lhe batia impiedosamente  e tremendo em doloridos arrepios, dormiu novamente.
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- Gabriel, não creio que dormes?
O jovem levantou-se num sobressalto , corando.
-         Perdoai-me Brigith, pouco consegui repousar esta noite e o cansaço venceu-me, enquanto te esperava.
Gabriel tentando recompor-se, fez-lhe a eventual reverencia que faziam os servos aos seus nobres e estava prestes a beijar-lhe a mão, quando Brigith, puxou a mão sorrindo:
-         Deixemos essas reverencias para quando me vires no castelo, certo Gabriel?

Sorrindo, novamente se virou para o lago  desejando molhar o rosto, mas não poderia faze-lo, não poderia sofrer qualquer alteração em seu  comportamento e deveria voltar impecável, como era esperado  de uma duquesa. Desejou sentar, mas  também não poderia faze-lo, pois poderia sujar ou amassar as suas vestes  e Lana, a sua ama, poderia perceber-lhe o desmazelo. Vestia-se com lindo vestido cor de rubi e estava encantadora aos olhos de Gabriel, que se aproximou. Desejou tocar-lhe,  mas conteve-se.
-  Gabriel, dizei-me porque me trouxestes aqui!
O jovem indagou-lhe num sopro de voz:
- Vais casar-te Brigith?
Brigith olhou-o carinhosamente,  mostrando-se resignada:
-  Devo casar-me  Gabriel ; há muito  estou comprometida!
Gabriel  olhou-a ansioso.
- Preciso te falar algo, que se aperta contra o meu peito...
- Estás doente , Gabriel?
- Brigith falo com seriedade e extrema franqueza, deves escutar-me!
Brigith fez um devaneio de preocupação silenciando, permitindo que Gabriel prosseguisse.
- Brigith, eu gosto muito de você.
- Deixemos de tolices Gabriel, eu também gosto muito de você!
-         Não entendes o que te falo Brigith; não desejo que  te cases com outro...quero eu, casar-me contigo!

Brigith enrubesceu , virando-se  novamente para o lago, tentava disfarçar o rubor. Ambos silenciaram, mas depois no entanto, Brigith voltou-se num rodopio  e sorrindo disse--lhe,   num sussurro de voz emocionado e tremulo:
-         Sabes que o que me dizes, nos é proibido! Gabriel, és mero servo do castelo de meu pai...sou eu a filha de  um nobre. Não poderíamos sequer estar conversando; Sabes o que ocorrerá se nos virem a sós? Irão castigar-te ou até prender-te na masmorra, Gabriel!

-         Pouco me importo comigo, se não puder eu estar contigo Brigith. Precisava falar-te...precisava ver-te...a angustia me corta o peito, tal qual a lamina de uma espada em tua ausência; e o acalento e a doçura da tua presença, me entorpecem os sentidos. Amo-te  Brigith  com o  mais puro e sincero dos sentimentos...


Brigith não conseguiu mais conter-se , agindo num forte impulso, abraçou-o. Assim permaneceram breves instantes, que lhes pareceram uma eternidade. Brigith porem afastou-se,  desculpando-se  em olhar terno  e correu até o seu cavalo,  que lhe fitava intranqüilo.
Gabriel aproximou-se, auxiliando-a  na montaria. Não houveram mais palavras, somente  os olhares dialogavam o muito que  sentiam.
Brigith se afastou em galope apressado e Gabriel ali permaneceu extasiado. Não lhe existia agora, o desespero em perder aquela que tanto amava, pois sabia que na reciprocidade do sentimento, já a possuía.


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Gabriel entreabriu os olhos e ali permanecia.  Nada se alterava. A  tristeza lhe era profana  e o breu lhe era o seu velho companheiro; tal qual o frio que lhe acalentava todas as noites
Estava demasiadamente acostumado ao seu pequenino quadrado. Poderia facilmente cerrar o olhos e movimentar-se livremente sem atropelos, ou poderia ainda decifrar na escuridão, o desenho de cada pedra em sua cela.

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                 Gabriel resolveu despertar do êxtase que sentia, montou em seu cavalo e galopou veloz de volta ao castelo.
-         Onde estivestes Gabriel? Enlouqueces-te? O capataz  Philip te procurou a tarde inteira . Deixastes tuas tarefas por  fazer!
Manco parecia demasiadamente preocupado e continuou:
-         Disse-lhe que havias ido ao bosque procurar lenha; mas asseguro-te Gabriel, que estranhou tua demora!
Gabriel deitou no feno despreocupadamente e  sorriu-lhe.
-         De que ris tu Gabriel? Falo-te que terás problemas e ris? Onde estivestes afinal?
-         Manco, meu bom amigo, estive eu hoje no paraíso!
O velho senhor, estava cada vez mais preocupado e intrigado com a tranqüilidade de seu tutelado. Gabriel falou-lhe radiante:
-         Manco, eu estou amando e sou um homem amado!
Gabriel nada mais falou a Manco, cerrou os olhos e dormiu. Despertou antes que o sol raiasse e num galope apressado, novamente  se colocou a observar á distancia, o aposento de Brigith.   Precisava a ver  . Deixou o cavalo  livre a pastar pelo gramado   e deitou-se de bruços mirando o castelo.
A janela do aposento se abriu e Gabriel despertou de seus pensamentos. "Brigith acordara..." exclamou radiante. Sentia enorme vontade de gritar seu nome, mas o barulho do rio, que ali passava, não permitiria que ouvisse e nem tão pouco, poderia ousar faze-lo , seria rapidamente preso, castigado e enclausurado naquelas masmorras. Gabriel em verdade, já era prisioneiro de uma paixão que o dominava.

Aguardou alguns instantes e percebeu que o vulto de Brigith se aproximava da janela. Ali ela permaneceu imóvel. Talvez, pressentisse que Gabriel, a observava. Estava pensativa.  Gabriel assobiou, mas o som aquela distancia, foi engolido pelo vento. Desejou correr, mas controlou-se. Exasperou-se sem saber o que fazer, para se comunicar com ela. Brigith recolheu-se novamente ao interior de seu aposento e Gabriel em seu interior,  implorava que não o fizesse, pois novamente as muralhas frias e imponentes, os distanciariam. Brigith porem, não retornou ao avarandado e Gabriel ali permaneceu prostrado. Esquecido das  horas, ali foi ficando, perdido em seus  confusos pensamentos.

Quando o sol já alto ia, resolveu retornar ao celeiro e cumprir com os seus afazeres.
- Onde estavas tu, servo Gabriel? És servo deste castelo e não deves ausentar-te de tuas tarefas sem autorização!
O capataz  esbravejava , olhando-o furioso.
- Responde-me rapaz!
O capataz Philip, parecia extremamente nervoso, estalava o chicote no solo, como silenciosa ameaça de um superior.
- Responde-me Gabriel, eu te ordeno!
Gabriel permanecia de cabeça baixa, em sinal de respeito e submissão. Não sabia o que lhe  responder . Estava certo, que o castigo lhe viria, talvez  trinta ou quarenta chicoteadas, em campo aberto, para  servir de exemplo aos de mais servos. Quando completamente  irado Philip parecia disposto a dar o castigo, o murmúrio  do velho Manco, veio em socorro de Gabriel:
-         Que bom que chegastes Gabriel...já vi que fizestes o que te pedi.  A lenha que me trouxestes , é da melhor qualidade! Ontem e hoje andastes muito não, valente rapaz?
Philip respirou ofegante, enquanto observava a lenha, que dificilmente fora carregada  e empilhada por Manco , em trabalho árduo aquela manhã. Estava disposta em grandes pilhas e Philip sem desconfiar que não fora tarefa de Gabriel, retirou-se contrariado.
Manco se aproximou de Gabriel, colocou-lhe carinhosamente a mão no ombro e falou-lhe  preocupado:
-         Meu  querido filho, escuta-me, eu te imploro em nome de Nosso Deus...esquece   essa paixão , que te consome os dias...ela te levará a uma tragédia!
Gabriel nada lhe contara, porem, Manco parecia ciente de tudo o que sentia em seu interior. Deixou que os joelhos se dobrassem sobre o solo e fitando Manco agradecido, não conseguiu conter as lágrimas, que desceram velozes  em suas faces, contorcidas em angustia profunda. Balbuciou suplicante:
- O que eu faço, meu velho Manco?
Manco, abaixou-se secando-lhe as faces, com as mãos extremamente calejadas pela árdua lida diária, e lhe disse, também comovido:
-         Escuta-me Gabriel, pede ao lorde que te mande para a propriedade de Adredanha, que fica a alguns dias de viagem; Lá, esquecerás com certeza, este amor tão impossível.
Manco deu uma pausa para observá-lo e carinhosamente  prosseguiu:
-         Nada me contastes, mas este teu pai de coração, sempre esteve vigilante a teus passos, desejando proteger-te e guiar-te em vida digna, feliz e honrada. Em Adredanha conhecerás alguma jovem que te faça esquecer a menina duquesa...

Gabriel nada conseguiu falar-lhe. As lagrimas, mantinham-se descendo febrilmente em suas faces, olhou aquele velho que lhe era tão amigo e colocando-lhe a mão no ombro, olhou-o em profundo agradecimento pela ajuda e o imenso carinho e saiu apressado para agilizar seus afazeres.


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Gabriel estava sereno, parecia ter desfalecido em mais uma noite fria, naquela pequena cela. Mas o corpo extremamente  emagrecido, despertava para mais um dia de vida.   Ergueu-se do solo com  demasiado sacrifício, cambaleando até a janelinha, como sempre o fazia. Mas algo se alterara na paisagem. Não haviam cavalos  pastando  nas campinas verdejantes e o cenário estava demasiadamente silencioso. Parecia  um prenuncio de enorme desgraça, tal qual imensa tempestade quando se aproxima. Mas o céu estava incrivelmente azul e o sol alto ia; Forte e brilhante. Em sua demasiada fraqueza, tentava analisar o que ocorria, naquela propriedade.
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            Os dias transcorreram breves no castelo de Brigith. Gabriel se ocupava com os inúmeros afazeres e tarefas das quais era incumbido; mas sempre que podia, ia expiar á distancia, o aposento de Brigith. Desejava sempre vê-la  despertar. Nunca no entanto, naqueles intermináveis dias, tivera oportunidade de nova aproximação. O que o angustiava em demasia. Os preparativos para a grande festa de noivado, eram constantes e ininterruptos. Brigith havia sido enclausurada em um grande cerco de restrições e de cuidados. Estava aprisionada em seu castelo e nunca mais saíra a passear ou cavalgar.
Somente os servos do castelo, poderiam entrar e sair deste. Os servos do plantio nos campos ou do trato com os animais  , tal qual Gabriel; somente nele poderiam entrar, com ordem do capataz Philip ou da nobreza. 
Gabriel, não aceitara o conselho do velho Manco, que lhe pedia que se afastasse da propriedade, ou de sua incontrolavel paixão. Sentia extrema necessidade , de ficar por perto e ansiava  desesperado, qualquer oportunidade de ver Brigith  e de poder dialogar com ela.    Esse dia, finalmente lhe chegou.
Era manhã fria e chuvosa. O pasto estava deserto, pois os imponentes cavalos de pura raça, não poderiam molhar-se. Os afazeres e tarefas  haviam sido restritos em função do mau tempo.
Deitado no feno Gabriel mirava a chuva fina , que gotejava cintilante sobre as folhas de uma frondosa arvore, que se instalara defronte ao celeiro. Percebeu de súbito, a entrada apressada do capataz  Philip, que foi logo ordenando:
-         Rapaz,  precisamos de lenha no castelo! E é para já!
Raramente Philip lhe chamava pelo nome e dificilmente o incumbia de tarefas no interior do castelo. Gabriel se encheu de entusiasmo, era a oportunidade que tanto ansiara. O coração disparou-lhe no peito descompassadamente e as faces enrubesceram rapidamente. Poucas vezes respondia ao capataz Philip, mas nesse instante, tomado de euforia interior, falou-lhe prestativo:
-         Providenciarei prontamente senhor!
Gabriel se dirigiu á pilha de lenha, e fazendo um enorme feixe, o carregou sobre os ombros,  acompanhando Philip, até o imenso portal do castelo.
A pesada porta rangeu, parecia o reverenciar. Avistou radiante o imenso salão e os candelabros iluminados, que cintilavam  quentes chamas vivas... Sentia-se como em sua própria moradia, onde o conforto e o requinte, lhe pareciam essenciais; Davam-lhe imenso bem estar.
Caminharam silenciosos até imponente  salão  de festas e lá, imediatamente Gabriel avistou a linda Brigith , sentada próximo a uma dourada harpa. A família estava toda reunida e ela tocava uma suave melodia . Seu pai, o lorde Orlando, a sua mãe a nobre Joane, e os seus irmãos Arthur e Anderson , pareciam distraídos escutando a musica em animadas conversas. Gabriel sentiu o corpo estremecer e o feixe de lenha que carregava rangeu em desequilibro. Percebeu que Philip se afastara, para ir ate á cozinha do castelo. Caminhou até á enorme lareira de pedra e assentou vagarosamente,  o feixe de lenha. Desejava ardentemente, prolongar aquela tarefa, por uma eternidade. A sala estava quente e a sua ansiedade parecia aumentar-lhe a temperatura. Sentia enorme vontade de olhar Brigith, mas não sabia como faze-lo, os instrumentos musicais, ficavam do lado oposto á posição onde se encontrava.
-         Retira-te já rapaz!
A voz suou áspera e autoritária. Era uma ordem fria de lorde Orlando e deveria obedecer de imediato.
-         Saia rapaz! Os servos do castelo,  farão o resto do serviço!
Por alguns instantes, Gabriel sentiu os dedos de Brigith tremerem sobre os delicados fios da harpa e a melodia estremeceu. Ergueu-se e caminhou hesitante. Ao entrar no salão principal, percebeu rapidamente, que não havia ninguém ali. Estava deserto.

Num impulso, não hesitou e sem pensar no que fazia, subiu correndo a imensa escadaria que o levaria aos aposentos, no andar superior. Com um raciocínio extremamente veloz, traçou um desenho  do castelo em sua mente e concluiu  com  absoluta precisão, que seguindo um dos corredores  , ainda que este se  mantivesse em penumbra, encontraria facilmente, o aposento de Brigith. Ficou extremamente surpreso , quando entrou num dos aposentos, nele havia aconchegante luminosidade e calor suficiente, para afagar o seu peito ofegante." Que faria agora!" pensou temeroso. Ciente estava que não haveria muito tempo para pensar. Ocultou-se sob o cortinado de renda espessa  e ali manteve-se imóvel, próximo aquela janela, que lhe era tão conhecida.  Permaneceu algumas horas ali imóvel e sentia que a noite já reinava em todos os cantos daquela propriedade. Suas pernas já estavam extremamente cansadas, pois há muito  se mantinha numa mesma posição quando escutou  um murmúrio no corredor . Sentiu um arrepio de receio lhe percorrer o corpo quando a porta se abriu rapidamente.
-         Menina Brigith, agora a senhorita deve dormir!
-         Lana, desejo perguntar-te algo.
Pelas vozes que ouvia, sabia que era Brigith e a serva que lhe era ama .
-         Senhorita brigith, irei auxilia-la a se trocar, enquanto conversamos.
A serva encostou a porta e enquanto auxiliava  Brigith a se trocar, esta indagou-lhe:
-         Lana, soubeste algo mais a respeito de meu noivo?
-         Nada mais soube,  senhorita Brigith.
Gabriel mantinha-se imóvel sob o cortinado. Por vezes, sentia-se arrependido do que havia feito, mas agora no entanto, não tinha como escapar aquela situação. Escutou o pesado vestido de Brigith ser retirado e a água  que batia na tina ao se lavar. As duas não mais dialogavam. O silencio que se fazia no aposento, o obrigava a uma maior imobilidade. Quando brigith finalmente sentou-se no leito, Lana retirou-se do  aposento, despedindo-se e desejando-lhe boa noite.
O quarto estava agora sob uma luz tênue,  pois Lana  havia apagado algumas velas no candelabro, antes de sair.  Gabriel sentiu, que Brigith mantinha-se sentada no leito. O seu coração  estava veloz  e descompassado. Sentia-se um intruso e receoso em como deveria agir para não  assustá-la.  Surgiu-lhe momentaneamente a idéia, de assobiar e assim o fez em som baixo e brando. Brigith, imediatamente pulou do leito e caminhou hesitante até á janela próximo aonde ele estava. Abriu a janela devagar,  para que ninguém no castelo escutasse, mas não avistando nada, novamente fechou-a e caminhou de volta ao leito.
Gabriel  sentia-se demasiadamente confuso. Resolveu assobiar novamente e Brigith ouvindo-o, manteve-se imóvel onde estava, sem saber ao certo o que fazia, murmurou duvidosa:
- Gabriel, és tu?
Gabriel imediatamente saiu por detrás do cortinado e ela  surpreendeu-se.
- Por Deus querida Brigith, não te assustes; Não encontrei outra forma de poder falar-te.
-         Gabriel, estás louco!
Os dois falavam tão baixo e tão receosos da circunstancia, que mais pareciam cochichos de dois confidentes. Gabriel que permanecia  imóvel próximo á janela, caminhou até o leito, no qual  Brigith se mantinha atônita com tudo o que acontecia.  Fez-lhe rápida reverencia e ajoelhou-se próximo a si , beijando-lhe as mãos.  Fitou-lhe os olhos e por eterno instante nada disseram.  Os olhares silenciosos pareciam gritar a profunda emoção que sentiam. Com um sobressalto Brigith lembrou-se que Lana poderia voltar.
- Preciso colocar a tranca na porta Gabriel, Lana poderá voltar.  Por vezes o faz para ver se durmo bem !
Gabriel prontamente prontificou-se:
- Deixai que a coloco Brigith!
Gabriel caminhou até á porta e pegando a pesada estaca de madeira rústica a atravessou na porta, servindo de impedimento a qualquer passagem.  Retornou para perto de Brigith, que estava extremamente nervosa, e disse-lhe carinhosamente:
- Brigith , perdoai-me o atrevimento; Em atitude intempestiva, não hesitei em faze-lo. Precisava ver-te; Falar contigo. Na lida do dia a dia, ansiei desesperado uma oportunidade de te encontrar . Não houve no entanto, dia que saísses do castelo e não consegui  suportar esta aflição que me vinha  ao peito constantemente.
 Silenciou, sem saber o que mais lhe falar. Brigith pegou-lhe as mãos grossas e dando-lhe breve sorriso, balbuciou:
-         Gabriel não digas mais nada ! Levanta-te e me dá um abraço, porque a ânsia que tinhas em ver-me,  tinha também eu em encontrar-te.
Sem se soltarem as mãos que os uniam, ergueram-se e abraçaram-se. O calor invadia-lhes as emoções e num longo beijo confirmaram o que sentiam . Não houveram mais palavras e a noite passou  imperceptível.
Deitados no leito, finalmente Brigith falou-lhe:
-         Gabriel, que faremos agora de nossas vidas ?
-         Haverei de casar-me contigo Brigith .
-         Sabes tu, meu querido, que não nos é permitido tal coisa!
-         Como não Brigith! Não entendes que nos amamos!
-         Gabriel, sou eu a filha de Lorde Orlando; és tu um mero servo deste castelo...que será de nós !?
-         Brigith , nem que eu te leve para além das estrelas, mas sempre serás minha e eu sempre serei teu, Compreendes o que te digo ?
Os dois novamente silenciavam num forte abraço, quando foram abruptamente interrompidos por apressados passos no corredor. De um sobressalto Gabriel pulou da cama. Teria que pensar rapidamente o que faria.
-         Brigith abre-me a porta ! Porque a trancastes?
A voz era de Lana, e ainda que o apelo fosse escutado num sussurro, parecia nervosa. Brigith extremamente desesperada, pensou em fingir não escuta-la, mas sentia-se preocupada , com o que fazia a sua serva  procura-la  tão tarde da noite.
-         Brigith acorda ! Preciso falar-te !
Gabriel , rapidamente recolheu suas roupas, que se encontravam espalhadas  próximo ao leito, e sem se vestir escondeu-se .

**********************************************************Na masmorra, Gabriel permanecia na pequenina janela, intrigado com o extremo silencio na propriedade. Não haviam atividades de lida nos campos. Nenhum sinal de vida. Os servos não haviam saído para o cultivo. Os cavalos imponentes, não coloriam as colinas. Somente a bela paisagem se mantinha intocável e emudecida. O imenso pasto verdejante lhe parecia infinito aos olhos. O rio plácido  corria tranqüilo a delinear a planície . Sabia, que aquelas águas passavam defronte ao aposento de Brigith, quantas lembranças... O silencio imperava e ainda que a fragilidade lhe fosse extrema no corpo, demasiadamente magro, ali permaneceu em pé , tentando compreender aquele dia tão misterioso.
*********************************************************

                   Brigith  vestiu-se rapidamente e cuidadosamente ajeitou as mantas em seu leito. Propositadamente, balbuciou como demasiadamente ensonada.
-         Lana, acalma-te que já estou indo abrir !
Retirou a tranca da porta com dificuldade, e abriu-a, certificando-se que Gabriel, escondido,  não poderia ser visto. Rapidamente a serva Lana entrou corada de aflição e temerosa , de que alguém a tivesse visto no corredor, aquele hora da noite. Pegou  a mão de Brigith  e a encaminhou ao leito.
-         Senhorita Brigith, sua mão está demasiadamente fria e tremula...assustei-te? Deixastes a janela aberta ?
Brigith sentou-se no leito apreensiva, percebendo que a serva Lana, se encaminhava para a janela, afim de verificar se estava aberta. Precisava evitar que o fizesse então falou-lhe:
-         Lana, a janela está fechada! Minha mão está fria, porque me deixastes apreensiva, acordando-me tão tardiamente na noite. Vem aqui agora, e conta-me o que te trouxe até o meu aposento a esta hora, em que todos  já dormem!
Lana  retornou imediatamente ,percebendo a apreensão da jovem, e colocou-se a seus pés dizendo-lhe amigavelmente.
-         Senhorita Brigith, pediste-me que se algo soubesse a respeito de teu noivo, deveria comunicar-te imediatamente...
-         Sim Lana, mas ao deitar-me dissestes que nada mais ouviras sobre ele.
-         Soube á pouco Senhorita, que o Lorde teu noivo chegará pela manhã. Os guerreiros de teu pai, o avistaram a algumas horas de distancia. E vieram breves
para comunicar o senhor teu pai.
Brigith, extremamente interessada nas novidades da serva, momentaneamente esquecera-se que Gabriel, mantinha-se oculto .  Implorou-lhe:
-         O que mais sabes Lana, contai-me !
-         Senhorita Brigith, soube ainda que vêm duas carruagens : numa vem o teu noivo
e na outra os seus pais. Os acompanham na viagem alguns serviçais a cavalo e algumas carroças com mantimentos e baús de vestes.
Brigith apertando os dedos contra a palma de sua mão sentia-se angustiada e apreensiva, e somente então lembrou-se de Gabriel.
-         Era só isto Lana?
A jovem serva lhe fez um rápido meneio afirmativo e Brigith olhou-a agradecida:
-         Agradeço-te Lana. Me és sempre tão fiel e amiga! Agora deves ir , não desejo que te vejam aqui a estas horas !
Lana levantou-se, fez-lhe uma reverencia e caminhou para sair. Mas antes que o fizesse voltou-se e indagou-lhe curiosa:
-         Senhorita, porque trancastes a porta? Nunca o fazes !
Com extrema astucia, Brigith falou-lhe delicadamente:
-         Não sei o que houve, mas ouvi barulhos e tive receio !
-         Senhorita Brigith, não te inquietes tanto, o castelo te é moradia extremamente segura. Dorme tranqüila !
Lana fez-lhe nova reverencia e saiu. Tão logo o fez, Brigith imediatamente se apressou a recolocar a tranca na porta. Quando voltou-se percebeu que Gabriel a observava  angustiado.
-         Devo ir Brigith . Não posso me tardar mais aqui, a noite é veloz e logo amanhecerá.
-         Gabriel, peço-te que não te vás ainda. Temos tanto a conversar !
Gabriel pegou-a delicadamente no colo, com imenso carinho e  colocou-a deitada no
sobre o leito, deitando-se ao seu lado.
-         Gabriel  o que faremos?
O servo colocou-lhe os dedos sobre a sua boca, pedindo-lhe que nada mais falasse. E ali deixaram-se ficar , preocupados mas felizes, com todo o amor que sentiam



                  










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