sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dever-se-á Pôr Termo às Provas do Próximo? - Bernardino, Espírito protetor. (Bordéus, l863.)



Dever-se-á Pôr Termo às Provas do Próximo? - Bernardino, Espírito protetor. (Bordéus, l863.)
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Deve alguém por termo às provas do seu próximo
quando o possa, ou deve,
para respeitar os desígnios de Deus, deixar que sigam seu curso?


Já vos temos dito e repetido muitíssimas vezes
que estais nessa Terra de expiação
para concluirdes as vossas provas
e que tudo que vos sucede
é conseqüência das vossas existências anteriores,
são os juros da divida que tendes de pagar.

Esse pensamento, porém,
provoca em certas pessoas reflexões
que devem ser combatidas,
devido aos funestos efeitos que poderiam determinar.


Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar,
cumpre que as provas sigam seu curso.

Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar que,
não só nada devem fazer para as atenuar,
mas que, ao contrário, devem contribuir
para que elas sejam mais proveitosas,
tornando-as mais vivas.

Grande erro.

E certo que as vossas provas
têm de seguir o curso que lhes traçou Deus;

dar-se-á, porém, conheçais esse curso?

Sabeis até onde têm elas de ir
e se o vosso Pai misericordioso
não terá dito ao sofrimento de tal
ou tal dos vossos irmãos:

"Não irás mais longe?"

Sabeis se a Providência não vos escolheu,
não como instrumento de suplício
para agravar os sofrimentos do culpado,
mas como o bálsamo
da consolação
para fazer cicatrizar as chagas
que a sua justiça abrira?

Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos:

"E a justiça de Deus, importa que siga o seu curso.

Dizei antes:

"Vejamos que meios o Pai misericordioso
me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão.

Vejamos se as minhas consolações morais,
o meu amparo material
ou meus conselhos
poderão ajudá-lo a vencer essa prova
com mais energia, paciência e resignação.

Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos
os meios de fazer que cesse esse sofrimento;

se não me deu a mim, também como prova,
como expiação talvez,
deter o mal e substitui-lo pela paz."


Ajudai-vos,

pois, sempre, mutuamente,

nas vossas respectivas provações

e nunca vos considereis instrumentos de tortura.

Contra essa idéia deve revoltar-se todo homem de coração,
principalmente todo espírita,
porquanto este,
melhor do que qualquer outro,
deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus.

Deve o espírita estar compenetrado
de que a sua vida toda tem de ser

um ato de amor
e de devotamento;

que, faça ele o que fizer para se opor
às decisões do Senhor, estas se cumprirão.

Pode, portanto, sem receio,
empregar todos os esforços
por atenuar o amargor da expiação,
certo, porém, de que só
a Deus cabe detê-la ou prolongá-la,
conforme julgar conveniente.


Não haveria imenso orgulho,
da parte do homem,
em se considerar no direito de,
por assim dizer, revirar a arma dentro da ferida?

De aumentar a dose do veneno nas vísceras
daquele que está sofrendo,

sob o pretexto de que tal é a sua expiação?

Oh!
considerai-vos sempre como instrumento
para fá-la cessar.

Resumindo:
todos estais na Terra para expiar;
mas, todos, sem exceção,
deveis esforçar-vos
por abrandar a expiação
dos vossos semelhantes,
de acordo com

a lei de amor
e caridade.

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- Bernardino, Espírito protetor. (Bordéus, l863.)

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 edição. Capítulo V

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