sexta-feira, 24 de junho de 2011

PRECE DE ANDRÉ LUIZ PELO AMOR



PRECE DE ANDRÉ LUIZ PELO AMOR
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Jesus, Mestre e Senhor!

Um dia,
no alvorecer do tempo humano,
me destes a vida
e um início
para que eu lhes assumisse
a continuidade,
valendo-me de tuas mãos
para seguir em frente
em busca de mim mesmo,
num ponto distante
do futuro chamado por Ti
de Evolução...


Caminhei, Senhor,
diligentemente,
por incontáveis
montes e vales existenciais
aprimorando meu coração
que era só você,
em todos os momentos,
sem noção exata
de minha partida
e sem saber como
e quando seria
o término da viagem...


Ergui-me do chão
para fitar os céus
e meus olhos banhados
de inocência,
viram-te
em toda a glória e esplendor
nos fenômenos naturais
que me circundavam,
e o frágil entendimento
curvou-se diante
de tua força e sabedoria!

Entre temeroso e comovido,
dei-te um nome
quando te vi no Sol,
outro nome
quando estavas na Lua
e outros tantos
em cada estrela fulgente
que divisei
na grande abóboda do mundo,
chorando muitas vezes,
extasiado,
diante de tua
imensa grandeza! ...


No entanto,
um dia,
vertidas longas faixas de tempo,
pensei que me bastava e,
forte e impetuoso,
larguei de tua mão
intentanto caminhar sozinho
pelas trilhas humanas
que me destes
por escola de aprimoramento...

Seguro sobre os meus próprios pés
avancei eras à dentro,
levantando com meu suor
e minha capacidade
todas as civilizações da Terra,

esquecendo-me
pouco a pouco de Ti
e de Tua presença
indivisível nos frutos
de minhas realizaçõesl...!


Não mais estavas no Sol,
que passei a examinar matematicamente,
dando a ele densidade,
peso e temperatura
e classificando-o,
muito embora respeitoso
ainda perante sua tremenda força,
como um astro
a mais destinado a perecer
impreterivelmente no tempo
e no espaço,
como tantos outros...


Não mais te vi na suave luz
emanante da Lua,
transformada em luminosa
porém vulgar decoração
de minhas noites
de festa e orgia...

Embriagado de sentidos e licores,
já não queria senti-la
falando-me de Ti,
em seus raios de lânguido esplendor...


Também não mais estavas
no céu,
nas estrelas,
na chuva,
no vento,
no trovão,
no raio inclemente,
no alto dos montes
e no silêncio das tundras...

Não mais estavas na dor de nascer
e na dor de morrer,
onde substitui tua interferência
pela minha ciência,
aclarando cada fenômeno
conforme os meus conhecimentos
e elucidando-os vagorosamente,
degrau pós degrau,
creditando ao meu esforço
pessoal cada derrota,
cada vitória,
cada passo além!...


Não mais estavas
em lugar algum
de minha existência.

Eu era,
enfim,
deus de mim mesmo...

Conquistei o mundo assim,
Senhor,
submetendo-o ao meu entendimento
e à minha inteligência,
caminhando rumo
à dominação completa
de todos os elementos
materiais do orbe
com a segurança e o vigor
do pequeno onipotente
- teu reflexo!
a viver em mim,
silenciosamente...


No entanto,
inexplicavelmente,
quando passei a dissecar pó
e carne com maestria inigualável,
quando dei por mim
olhando o mundo
com a serena sapiência dos gênios,
descobri que nada sabia
além de matéria e então,
premido
por angustiantes questões
outrora desprezadas,

passei a ver-Te
novamente
em todas as coisas,
como se nunca tivesses
estado ausente de minha vida
por um momento que fosse!...


Hoje,
por faltarem-me elementos novos
com que classificar a vida
que prossegue impávida
rumo à estação do futuro,
que é sempre novo e belo,
não obstante
a imensa miséria humana
e da qual ainda sou ativo participante,
só me resta aceitar
que Tu estás
e estarás
sempre em tudo:

no Sol,
na Lua,
nas estrelas,
no vento,
na chuva,
nos montes,
nas tundras,
na dor de nascer
e na dor de morrer...


Em tudo, Senhor,
até em mim...

Ciente de minha fragilidade,
como outrora,
preparo-me agora
para analisar cientificamente
Tua interferência sutil
em tudo o que me rodeia,
porém refazendo o gesto
que separou-me de Ti,
há tanto tempo atrás:

seguro tua mão novamente e rogo,
não deixes mais
que eu me solte de Ti
porque agora,
para compreender
com o espírito o mundo
que me destes por berço,
necessito investigar

o que seja o amor,
elemento equalizador
de todas as potências
e que sei hoje
emana somente de Ti,
qual energia inestancável,
e sem a qual é
simplesmente
impossível viver!...


Assim seja!

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