sexta-feira, 24 de junho de 2011

"REPREENDER OS OUTROS " - São Luís. (Paris, 1860.)



"REPREENDER OS OUTROS " - São Luís. (Paris, 1860.)
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É permitido repreender os outros,
notar as imperfeições de outrem,
divulgar o mal de outrem?

Ninguém sendo perfeito,
seguir-se-á que ninguém
tem o direito de repreender o seu próximo?


Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar
pelo progresso de todos e,
sobretudo,
daqueles cuja tutela vos foi confiada.

Mas, por isso mesmo,
deveis fazê-lo com moderação,
para um fim útil, e não,
como as mais das vezes,
pelo prazer de denegrir.

Neste último caso,
a repreensão é uma maldade;

no primeiro, é um dever
que a caridade manda seja
cumprido com todo o cuidado possível.

Ao demais, a censura que alguém faça
a outrem deve ao mesmo tempo
dirigi-la a si próprio,
procurando saber se não a terá merecido.



- S. Luís. (Paris, 1860.)
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Será repreensível notarem-se as imperfeições
dos outros,
quando daí nenhum proveito
possa resultar para eles,
uma vez que não sejam divulgadas?

Tudo depende da intenção.
Decerto, a ninguém é defeso ver o mal,
quando ele existe.


Fora mesmo inconveniente
ver em toda a parte só o bem.

Semelhante ilusão prejudicaria
o progresso.

O erro está no fazer-se
que a observação redunde
em detrimento do próximo,
desacreditando-o,
sem necessidade, na opinião geral.

Igualmente repreensível seria fazê-lo
alguém apenas para dar expansão
a um sentimento de malevolência
e à satisfação de apanhar os outros em falta.

Dá-se inteiramente o contrário
quando,
estendendo sobre o mal um véu,
para que o público não o veja,
aquele que note os defeitos
do próximo
o faça em seu proveito pessoal,
isto é,
para se exercitar em evitar
o que reprova nos outros.

Essa observação, em suma,
não é proveitosa ao moralista?

Como pintaria ele os defeitos humanos,
se não estudasse os modelos?


- S. Luís. (Paris, 1860.)

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Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem?

É muito delicada esta questão e,
para resolvê-la, necessário se toma apelar
para a caridade bem compreendida.

Se as imperfeições de uma pessoa
só a ela prejudicam,
nenhuma utilidade haverá
nunca em divulgá-la.

Se, porém, podem acarretar prejuízo
a terceiros,
devese atender de preferência
ao interesse do maior número.

Segundo as circunstâncias,
desmascarar a hipocrisia e a mentira
pode constituir um dever,
pois mais vale caia um homem,
do que virem muitos a ser suas vítimas.

Em tal caso, deve-se pesar
a soma das vantagens e dos inconvenientes.

- São Luís. (Paris, 1860.)

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Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 edição. Capítulo X.

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